Assim como acontece com as tendências mais populares, a atenção plena também tem muitos admiradores e críticos. Ela tem raízes nas culturas antigas e apoio de evidências científicas recentes tanto no âmbito acadêmico quanto na prática, então existe bastante informação por aí sobre as virtudes da atenção plena. Quando se trata de algo tão popular e disseminado, é melhor ampliar seu conhecimento com uma fonte confiável e experimentar por um tempo, observando os efeitos em você, antes de decidir se a atenção plena funciona ou não. Tratar tudo com curiosidade e com um nível saudável de ceticismo é sempre melhor do que aceitar tudo o que nos ensinam.
O que trazemos aqui é uma amostra de informações sobre os benefícios da atenção plena, retirados de artigos científicos recentes. Você pode dar uma olhada, ver o que acha e fazer sua própria pesquisa.
Por definição, a atenção plena é uma prática em que a sua mente fica presente no momento, observando o que está acontecendo dentro de você ou ao seu redor, sem julgamento.
Atenção plena é permanecer aqui e agora, aceitando a sua realidade sem rotular nem julgar. Ela pode trazer equilíbrio para a vida e, ao contrário da crença popular, ela nem sempre significa ter paciência, tranquilidade ou positividade. Com a prática da atenção plena, desenvolvemos autoconsciência, que nos ajuda a entrar em sintonia com as nossas necessidades atuais. Você ainda vai sentir raiva, tristeza e ter momentos de irritação, mesmo depois de praticar por muito tempo. O objetivo não é eliminar certos tipos de sentimentos, é lembrar que todas as emoções são válidas e podem informar nossas reações em relação a nós mesmos e aos outros. A atenção plena também nos permite aceitar tudo o que sentimos, criando um espaço para vivenciá-los com mais conforto por meio de um conhecimento mais profundo do seu eu interior.
Pesquisas mostram que a atenção plena pode ter um impacto positivo na redução da depressão, ansiedade e estresse. Muitas vezes passamos por períodos de estresse, ansiedade ou depressão quando nossas necessidades emocionais, psicológicas ou fisiológicas não são atendidas. As práticas baseadas em atenção plena têm ajudado a diminuir os efeitos da ansiedade tanto em ambientes clínicos quanto em não clínicos, porque ela nos permite reconhecer e dar nome às nossas necessidades e isso acaba aliviando a tensão que sentimos.
Uma mente tranquila dorme melhor. As intervenções clínicas baseadas em atenção plena mostraram uma melhora na qualidade do sono e uma redução nos problemas relacionados à fadiga diurna em adultos mais velhos. Além disso, também descobriram que existe uma correlação positiva entre a qualidade do sono e o bem-estar em geral em estudantes universitários. Em outras palavras, a atenção plena ajuda a tranquilizar a mente e nos permite relaxar para entrar em um sono mais profundo e restaurador.
A prática regular da atenção plena permite que a mente permaneça presente no momento. É inevitável a mente se dispersar e é normal se distrair. Isso faz parte do ser humano. A atenção plena pode ser uma ótima ferramenta, pois ela nos ajuda a perceber quando estamos distraídos e ajuda a trazer o foco de volta para o aqui e agora. Por isso, a atenção plena é ótima para a concentração.
Uma análise revisou estudos que investigam a relação entre atenção plena e a capacidade de manter a concentração, resumindo o poder e a relevância dessa relação. No geral, os resultados de 87 estudos sugerem que a meditação pode melhorar a atenção em geral e ajudar a manter o foco.
Recentemente, muitas instituições incluíram a atenção plena no contexto do ensino, e a prática contribuiu para melhorar o desempenho acadêmico. A atenção plena foi associada a um melhor desempenho escolar, especialmente entre alunos de 11 a 13 anos, gerando uma redução nas suspensões e uma melhoria nas notas e na presença. Um estudo descobriu que intervenções baseadas em atenção plena podem beneficiar alunos com distúrbios de aprendizagem, pois ela os ajuda a gerenciar a ansiedade relacionada à escola, melhorando a capacidade de interação social e o desempenho acadêmico.
Além das escolas, a atenção plena também começou a criar raízes em outras áreas e agora é usada também em ambientes industriais e empresariais para melhorar o desempenho. Os funcionários que participaram de um treinamento de atenção plena demonstraram uma regulação emocional melhor, mais satisfação no trabalho e sofreram menos exaustão emocional.
Os relacionamentos têm a ver com reciprocidade: conseguir se sentir ouvido quando expressa as suas necessidades e conseguir ouvir quando a outra pessoa expressa as dela. A prática da atenção plena ajuda a cultivar a empatia e a compaixão para com os outros, o que nos ajuda a identificar e atender às nossas próprias necessidades.
As evidências mostram que a prática da atenção plena pode estar relacionada a uma maior satisfação nos relacionamentos e pode promover uma habilidade de comunicação mais saudável. Muitas vezes dizemos que os componentes de uma comunicação sólida e saudável são o cuidado, a empatia e o apoio. Esses elementos são ainda mais importantes quando você encara situações e emoções desafiadoras. A atenção plena geralmente incentiva esse tipo de comunicação, porque ela requer atenção tanto aos estímulos internos quanto aos externos no momento atual, diminuindo os nossos impulsos de reagir e julgar.
Os benefícios da atenção plena também podem abranger relacionamentos entre pais e filhos. Um estudo mostrou que os filhos deram uma avaliação melhor aos pais em relação à empatia e regulação emocional depois de oito semanas de treinamento de atenção plena para famílias.
As práticas de atenção plena geralmente cultivam um senso de gratidão, assim podemos ver e celebrar a beleza do momento atual. Um estudo mostrou que, juntas, a atenção plena e a gratidão tiveram um impacto estatisticamente importante em eventos estressantes da vida. Ao praticar a atenção plena, conseguimos encarar melhor as emoções desafiadoras, aprofundando nossos relacionamentos e bem-estar em geral. E a gratidão foi feita para ser compartilhada. Pode ser difícil se tornar íntimo de alguém, demonstrando a nossa gratidão, cuidado e afeição por ele ou ela. Dizemos a nós mesmos: "Se estamos tão próximos, essa pessoa precisa saber como eu me sinto em relação a ela", quando na verdade o que ela mais precisa é ouvir isso em voz alta. Todos nós queremos ouvir que somos amados, não é? Ou como deixamos o dia de alguém mais feliz?
A atenção plena nos permite ver a beleza da vida de forma mais intensa e nos incentiva a honrá-la e celebrá-la.
A prática da meditação e atenção plena não significa necessariamente que estamos sempre em paz, seguros e tranquilos. A atenção plena pode ser muito útil quando passamos por momentos difíceis. Podemos gerenciar ainda melhor a dor usando técnicas como escaneamento corporal, identificando onde dói, a fonte em potencial da dor e como nos sentimos em meio àquele desconforto.
A prática da atenção plena pode estar relacionada a conseguir lidar melhor com dores crônicas e também enfrentar episódios de dor aguda. Por exemplo, intervenções de atenção plena foram usadas como parte do tratamento em pacientes com câncer, diminuindo o estresse e a negatividade. Além disso, gestantes que se envolvem em atividades baseadas em atenção plena declararam ter uma sensação maior de bem-estar em geral, uma experiência melhor durante o trabalho de parto e depois de dar à luz.
Também sabemos que a dor nem sempre é física, já que podemos sentir uma dor emocional intensa por causa de perdas e do luto. No caso do luto, é ainda mais difícil porque ele pode desestabilizar a pessoa. Não importa se foi a perda de uma pessoa querida, um relacionamento, seu trabalho, um sonho ou a sensação de segurança, essa sensação de ausência pode criar um vazio na vida que é difícil de aceitar. Os profissionais clínicos geralmente sugerem práticas baseadas em atenção plena em casos de perda e luto para ajudar a enfrentar o choque, a tristeza, a raiva ou o medo que podem acompanhar o luto. A atenção plena nos incentiva a reconhecer e aceitar essa perda com o tempo, tendo paciência enquanto processamos todas as nossas emoções. Já que a atenção plena também tem a ver com aceitação e estar presente, mesmo em situações e emoções desafiadoras, ela pode ajudar muito em tempos de luto. Dor, saudades, frustração e raiva podem se tornar mais suportáveis quando nos conhecemos mais profundamente durante essa experiência nova. Por fim, podemos aceitar que a intensidade dessa dor emocional diminui com o tempo e teremos a força necessária para continuar seguindo.
Pesquisas encontraram uma correlação positiva entre práticas baseadas em atenção plena e uma satisfação em relação à vida. Quando temos mais consciência dos diversos aspectos da vida, das nossas necessidades e da realidade atual, a beleza do dia a dia fica mais visível. Conseguimos ver, aproveitar e sentir a alegria de cada novo dia.
Com o tempo, desenvolvemos uma atitude mais positiva, baseada nas nossas emoções reais que não tem nada a ver com os estados emocionais forçados e falsos associados à positividade tóxica. A prática da atenção plena cultiva essa abertura ao que é novo e nos incentiva a ter paciência conosco, com os outros e com a vida. Esse estado de consciência amplia nossa perspectiva e nos dá um ponto de vista mais holístico, no qual podemos apreciar tudo o que temos no momento atual.
Estudos também mostraram que meditar regularmente pode beneficiar o nosso bem-estar e a nossa saúde psicológica, diminuindo a reatividade emocional e melhorando a regulação do comportamento. Além disso, a atenção plena ajuda a aliviar o nível de estresse relacionado a problemas de saúde, como HIV, depressão e inflamações, o que leva a resultados melhores na saúde.
Nem todo mundo se sente confortável em estar sozinho, e a solidão pode ser um desafio quando não temos apoio social ou emocional, já que nos sentimos negligenciados e nossas necessidades emocionais não são supridas. Mas, estar só nem sempre envolve solidão. Somos seres inteiros e completos do jeito que somos. Mesmo com essa necessidade de viver em comunidade para sobreviver, podemos aprender a aproveitar a experiência de estarmos na nossa própria companhia. A atenção plena pode aliviar a sensação de solidão, pois ela nos ajuda a achar conforto em estar presentes quando estamos sozinhos, mesmo quando isso parece um desafio ou temos dificuldades em confrontar certos aspectos de nós mesmos, de algum evento ou sentimento.
Todos nós temos dificuldade em demonstrar amor-próprio de vez em quando. A autocompaixão baseada na atenção plena pode ser uma ótima forma de amar e aceitar a nós mesmos do jeito que somos.